Exercícios de Literatura - Terceira Fase do Modernismo (1945-1960) (resolvidos)

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Temos ainda a Terceira Fase do Modernismo (1945- até 1960); alguns estudiosos consideram a fase de 1945 até os dias de hoje como Pós-Modernista, no entanto, as fontes utilizadas para a confecção deste post, tratam como Terceira Fase do Modernismo o período compreendido entre 1945 e 1960 e como Tendências Contemporâneas o período de 1960 até os dias de hoje. Nesta terceira fase, a prosa dá sequência às três tendências observadas no período anterior – prosa urbana, prosa intimista e prosa regionalista, com uma certa renovação formal; na poesia temos a permanência de poetas da fase anterior, que se encontram em constante renovação, e a criação de um grupo de escritores que se autodenomina “geração de 45”, e que buscam uma poesia mais equilibrada e séria, sendo chamados de neoparnasianos. Se após você resolver os exercícios, continuar com dúvida, contrate uma aula individual via web, pelo e-mail: sovestibular@gmail.com .

Textos para as questões 01 e 02
       I
                       Olhou curtamente! Levou a mão ao cinturão? Não. A gente, era que assim previa, a falsa noção do gesto. Só disse, subitamente ouviu-se: ¾ “Moço, o senhor vá, se recolha.
       Sucede que o meu saudoso irmão é que era um diabo de danado...”
      Disse isso, baixo e mau-som. Mas se virou para os presentes. Seus dois outros manos, também. A todos, agradeciam. Se não é que não sorriam, apressurados. Sacudiam dos pés a lama, limpavam as caras do respingado. Doricão, já fugaz, disse, completou: ¾ “A gente, vamos embora, morar na cidade grande...” O enterro estava acabado. E outra chuva começava.
 
     II . Alvava.
      Assim; mas era também o exato, grande, o repentino amor ¾ o acima. Sinésio olhou mais sem fechar o rosto, aplicou o coração, abriu bem os olhos. Sorriu para trás. Maria Exita.
Socorria-a a linda claridade. Ela ¾ ela! Ele veio para junto. Estendeu também as mãos para o polvilho ¾ solar e estranho: o ato de quebrá-lo era gostoso, parecia um brinquedo de menino.  
Todos o vissem, nisso, ninguém na dúvida. E seu coração se levantou. ¾ “Você, Maria, quererá,  a gente, nós dois, nunca precisar se separar? Você, comigo, vem e vai? Disse, e viu. O polvilho, coisa sem fim. Ela tinha respondido: ¾ “Vou demais.” Desatou um sorriso. Ele nem viu. Estavam lado a lado, olhavam para a frente. Nem viam a sombra da Nhatiaga, que quieta e calada, lá, no espaço do dia.
Sinésio e Maria Exita ¾ a meios-olhos, perante o refulgir, o todo branco. Acontecia o não-fato, o não-tempo, silêncio em sua imaginação. Só o um-e-outra, um em-si-juntos, o viver em ponto sem parar, coraçãomente: pensamento, pensamor. Alvor. Avançavam, parados, dentro da luz, como se fosse no dia de Todos os Pássaros.


01.  Com base na leitura de Primeiras Estórias, de onde foram extraídos os fragmentos acima, indique alguns recursos utilizados por Guimarães Rosa em sua pesquisa da palavra.
Resolução:  Guimarães Rosa era um grande pesquisador da língua e são seus recursos a aglutinação e repetição de palavras, o emprego de aliterações, assonâncias, silepses, anacolutos, inversões de frases feitas, provérbios sertanejos, a prosa rimada, o vocabulário coloquial e o aportuguesamento de palavras estrangeiras.  
 
02. Identifique os contos de Primeiras Estórias a partir dos textos acima.
Resolução:   I) “Os Irmãos Dagobé”
                             II) “Substância”  
 
 03.  Leia com atenção os seguintes versos de João Cabral de Melo Neto em Morte e Vida Severina:

¾  E belo porque o novo
      todo o velho contagia.
      Belo porque corrompe
      com sangue novo a anemia.
Infecciona a miséria
com vida nova e sadia.
Com oásis, o deserto.
Com ventos, a calmaria.
a)      Contextualize esses versos no poema de João Cabral de Melo Neto, indicando o evento a que se referem e a relação desse evento com a fala final de Seu José ao retirante.
b)      Que valor deu o poeta aos verbos contagiar, corromper e infeccionar no contexto da estrofe acima? Explique.


Resolução: 
 a) Os versos transcritos ocorrem no episódio propriamente “natalino” da peça de João Cabral: o nascimento da criança. Este episódio funciona, no contexto da obra, como defesa da vida, ainda que se trate de uma defesa fraca e hesitante (apenas mais uma “vida severina”). Por isso, o mestre Carpina toma o evento como argumento contra o pretendido suicídio do retirante.
                              
b) Os verbos em questão têm, no contexto, o seu sentido alterado, invertido: em vez das ações deletérias (destrutivas) que habitualmente indicam, eles ganham sentido positivo, pois operam em favor do “novo” (a nova vida, a esperança de redenção social).  


04. (FUVEST) É correto afirmar que, em Morte e Vida Severina:

a)      A alternância das falas de ricos e de pobres, em contraste, imprime à dinâmica geral do poema o ritmo da luta de classes.
b)     A visão do mar aberto, quando Severino finalmente chega ao Recife, representa para o retirante a  primeira afirmação da vida contra a morte.
c)      O caráter de afirmação da vida, apesar de toda a miséria, comprova-se pela ausência da idéia de suicídio.
d)     As falas finais do retirante, após o nascimento de seu filho, configuram o “momento afirmativo”, por excelência, do poema.
e)      A viagem do retirante, que atravessa ambientes menos e mais hostis, mostra-lhe que a miséria é a mesma, apesar dessas variações do meio físico.
Resposta: E
 
05. (PUC) Além do coloquialismo, comum ao diálogo, a linguagem de Quim e de Nhô Augusto caracteriza também os habitantes da região onde transcorre a história, conferindo-lhe veracidade.
      Suponha que a situação do Recadeiro seja outra: ele vive na cidade e é um homem letrado.
      Aponte a alternativa caracterizadora da modalidade de língua que seria utilizada pela personagem nas condições acima propostas:


a)      Levanta e veste a roupa, meu patrão senhor Augusto, que eu tenho um novidade meia ruim, para lhe contar.
b)      Levante e veste a roupa, meu patrão senhor Augusto, que eu tenho uma novidade meia ruim, para lhe contar.
c)      Levante e vista a roupa, meu patrão senhor Augusto, que eu tenho uma novidade meia ruim, para lhe contar.
d)      Levante e vista a roupa, meu patrão senhor Augusto, que eu tenho uma novidade meio ruim, para lhe contar.
e)      Levanta e veste a roupa, meu patrão Senhor Augusto, que eu tenho uma novidade meio ruim, para lhe contar.
Resposta: D


06.  (FUVEST) A respeito de Clarice Lispector, nos contos de Laços de Família, seria correto afirmar que:



a)      Para freqüentemente de acontecimentos surpreendentes para banalizá-los.
b)     Elabora o cotidiano em busca de seu significado oculto.
c)      É altamente intimista, vasculhando o âmago das personagens com rara argúcia.
d)     É regionalista hermética.
e)      Opera na área da memória, da auto-análise e do devaneio.

Resposta: C


07.  (PUCCAMP) São as seguintes as características básicas da poesia concreta:

a) A unidade poética deixa de ser a palavra e passa a ser o verso; busca-se adequação da forma poética às características do mundo moderno.

b) A palavra é explorada quanto aos aspectos semânticos, sintático, sonoro e gráfico (visual); o espaço “papel” passa a integrar o significado do poema.
c) Cada palavra refere-se ás palavras circunvizinhas verbal, vocal ou visualmente; respeita-se  a distribuição linear da linguagem verbal.
d) Evita-se o imediatismo da comunicação visual; utilizam-se cores, tipos diferentes de letras, recursos de outras artes e linguagens.
e) O poema é uma aventura de palavras no espaço; defende-se uma poesia a serviço da manifestação da pura subjetividade.




Resposta: B
 
08.  (FUVEST) "Será que eu enriqueceria este relato se usasse alguns difíceis termos técnicos? Mas aí que está: esta história não tem nenhuma técnica, nem de estilo, ela é ao deus-dará. Eu que também não mancharia por nada deste mundo com palavras brilhantes e falsas uma vida parca como a da datilógrafa." (Clarice Lispector, A Hora da Estrela)


      Em A Hora da Estrela, o narrador questiona-se quanto ao modo e, até, à possibilidade de narrar a história. 

      De acordo com o trecho acima, isso deriva do fato de ser ele um narrador:



a)Iniciante, que não domina as técnicas necessárias ao relato literário.
b)Pós-moderno, para quem as preocupações de estilo são ultrapassadas.
c)Impessoal, que aspira a um grau de objetividade máxima no relato.
d)Objetividade, que se preocupa apenas com a precisão técnica do relato.
e)Autocrítico que percebe a inadequação de um estilo sofisticado para narrar a vida popular.


Resposta: E
 
09.  (FUVEST) É correto afirmar que no poema dramático Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto:
a) A sucessão de frustrações vividas por Severino faz dele um exemplo típico de herói moderno, cuja tragicidade se expressa na rejeição à cultura a que pertence.
b)A cena inicial e a final dialogam de modo a indicar que, no retorno à terra de origem, o retirante estará
munido das convicções religiosas que adquiriu com o mestre carpina.
c) O destino que as ciganas prevêem para o recém-nascido é o mesmo que Severino já cumprira ao longo
de sua vida, marcada pela seca, pela falta de trabalho e pela retirada.
d) O poeta buscou exprimir um aspecto da vida nordestina no estilo dos autos medievais, valendo-se da
retórica e da moralidade religiosa que os caracterizam.
e) O “auto de natal” acaba por definir-se não exatamente num sentido religioso, mas enquanto reconhecimento da força afirmativa e renovadora que está na própria natureza.

Resposta: E


10. (PUCCAMP) A leitura integral de Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto, permite a correta compreensão do título desse “auto de natal pernambucano”:
a) Tal como nos Evangelhos, o nascimento do filho de Seu José anuncia um novo tempo, no qual a experiência do sacrifício representa a graça da vida eterna para tantos “severinos”.
b) Invertendo a ordem dos dois fatos capitais da vida humana, mostra-nos o poeta que, na condição “severina”, a morte é a única e verdadeira libertação.
c) O poeta dramatiza a trajetória de Severino, usando o seu nome como adjetivo para qualificar a sublimação religiosa que consola os migrantes nordestinos.
d) Severino, em sua migração, penitencia-se de suas faltas, e encontra o sentido da vida na confissão final que faz a Seu José, mestre capina.
e) O poema narra as muitas experiências da morte, testemunhadas pelo migrantes, mas culmina com a cena de um nascimento, signo resistente da vida nas mais ingratas condições.

Resposta: E

6 comentários:

Anônimo disse...

mt bom

Anônimo disse...

massa'

Anônimo disse...

Muito interessante.

Anônimo disse...

muito bom mesmo.

Anônimo disse...

uma beleza

Anônimo disse...

Muito massa

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